Por Jânsen Leiros Jr.
Talvez
me faltem
palavras
Talvez
me façam
favores
Calar
é mais que
seguro
silencio
é ato
prudente
Melhor
pensar
não
falar?
Por
que morrer
pela
boca?
Maior
serviço
se
faz
quem
preserva
seus
dentes
Mas
se calar
eu
implodo
se
me omitir
me
desprezo
Se
não gritar
eu
explodo
por
não falar
eu
me dano
Ô
medida sem régua
ô
vazio sem fim
Entre
o louco
e
o sábio
entre
ousado
e
covarde
Por
um fio
não
caio
por
um laço
me
atiro
Falo
ou calo?
Esqueço
ou descrevo?
Nem
sei mais
o
que é que
desejo
Sumir
talvez
daqui
e de vez
largando
agora
abandonada
e
esquecida
minha
pena
sempre
amiga
Que pena!
Janeiro 1996
Por Jânsen Leiros Jr.
Pasto
verde
desbotado
Um
sonho amarelo
queimado
Sem
chuva ou
regador
Muitas
cinzas
Pouca
cor
Não
demos frutos
nem
mesmo folhas
Não
demos sombra
ou
mesmo flores
Nossa
vida seca
minha
vida errante
nossa
gota d'água
Janeiro 1994
Por Jânsen Leiros Jr.
Um
olá
um
olhar
e
bom dia
Um
aroma
um
frescor
e
o encanto
Um
presságio
e
um quê
de
bem-vindo
Uma
espera
interesse
um
disfarce
e
um receio
Susto
e timidez
Um
convite
um
fulgor
e
alegria
Caminhadas
e
descobertas
experiência
e
juventude
e
um abismo
que
se foi
Ameaçadora
despedida
e
a saudade
antecipada
Um
vazio
declarado
e
a verdade
revelada
Flagrado
e
nominado
bem-querer
O
prazer ativado
ocupado
em cuidados
Emoção
renovada
traduzida
em carinho
Sensações
remoçadas
e
anseio acolhido
Tristeza
apagada
e
solidão aplacada
Abril 2004
Por Jânsen Leiros Jr.
Melhor
que um
novo
amor
é
o mesmo amor
renovado
a
cada manhã
Melhor
que beijar
novos
lábios
é
beijar
os
de sempre
como
se fosse
a
primeira vez
Janeiro 2001
Por Jânsen Leiros Jr.
A
chuva rega a terra
molha as ruas
lava a alma
Refresca
o corpo
esfria
a cabeça
e
abranda a ira
Chuva
renova
as
forças
e
disfarça
as
lágrimas
Chove
sempre
nos
momentos
que
mais preciso
Será
que chora
o
céu comigo
ao
me ver chorar?
Setembro 2005
Por Jânsen Leiros Jr.
Razão
Porção
Canção
Mundão
Razão
pra viver
Porção
de comer
Canção
pra assobiar
Mundão
pra correr
Pra
cada qual
uma
ação
Pra
cada uma
emoção
A
questão:
Finalmente
entender
que
não viemos aqui
Apenas
sobreviver
Outubro 1991
Por Jânsen Leiros Jr.
O
que aconteceu
que
já não soubesse?
Qual
desfecho
já
não pressentisse?
Não
me era óbvio
o
fim?
Não
me estava claro
afinal?
Por
razões
impostas
a si
condenada
e banida
foice
à paixão
Morte
ao amor
que
sufocado
e
calado
por
asfixia letal
Assassinato
sem corpo
e
tumba vazia
Lápide
caída e
memória
perdida
Apressada
e silente
condenação
de
previdente e sumária
execução
Partiu-se
do peito
um
sonho abatido
ferida
escondida
sentimento
carpido
Último
suspiro de dor
último
verso com gosto
Último
dedo de prosa
último
poema de Agosto
Agosto 1986
Por Jânsen Leiros Jr.
Família
Clube
Povo
Solidão
Elas
em festas
Eles se foram
Cada
um com outro
Cada qual consigo
e eu
só
Outubro 1992