domingo, 11 de setembro de 2016

Ponto final


Por Jânsen Leiros Jr.

Parágrafo

 

Tudo começou

simples

Tomando forma

criando raízes

propondo esperança

 

Reticências

Logo tudo

ficou confuso

Indefinido

Gestos incertos

palavras insanas

e risco crescendo

Resistência

 

Aposto

Mesmo assim

caminhou

Persistente

cresceu

E por vontade

própria

seguiu

Não se furtou

a ser

apesar de

quase não

 

Uma vírgula

Tentativa frustrada

por acesso indevido

Pertinência perdida

Olhares de medo

e vergonha

Insegurança

Inquietação

 

Interrogação

Faltaram letras

fugiram ideias

Perdeu-se vontade

faltou malícia

e sobraram questões

Um desperdício

 

Exclamação

Rejeitada tristeza

sacudida poeira

- Melhor é parar aqui

Calar a boca

fechar os olhos

deitar a pena

e ponto final.

Março 1985

Progresso?


Por Jânsen Leiros Jr.

Amor e

bunda vida

que levo

não é pior

que a dor

de dente

das gentes

sem boca

 

Sem saúde

de dia

Vendo a morte

          à noite

Saudade da sorte

que nunca chegou

 

Povo sofrido

que não mente

Vivido na

mente

ira de um país

negligente

 

Progresso?

Outubro 1991

domingo, 4 de setembro de 2016

Pode crer


Por Jânsen Leiros Jr.

Pode alguém

crer em Deus?

Pode não?

Do que foge?

Por que busca?


Obrigado

ninguém é

Convidados

todos são

Sãos ou não


A andarem

sobre as águas

a provarem

o improvável

A terem como certo

o que não veem

não tocam

não escutam


Pode alguém

não crer em Deus?

Pode

Pode?

data desconhecida

sábado, 3 de setembro de 2016

A morte e o poeta


Por Jânsen Leiros Jr.

Há uma morte feita

para o poeta

A morte certa

Seu tema

seu lema

sua teima

Uma sina?

 

Uma gota

nos olhos

Outras tantas

na pena

A vida encantada

é plena

Sua queixa

vale à pena

Deixá-la é mesmo

uma pena

 

A morte

como musa

olhos fundos

como máscara

Seu mote predileto

é assunto recorrente

de um fim sempre

iminente

 

Mas se a sorte

traidora

faz da vida

permanente

Seu discurso não o deixa

Seguem rimas

Segue o tema

A morte sempre

assombra o poema

Outubro 1991