Por Jânsen Leiros Jr.
Quem pode
confiar em si mesmo
prever atitudes
antever reações
Quem pode
planejar o escape
calcular os estragos
ponderar consequências
Onde há risco
não se arrisca
Quem armou contra si
armadilhas
arapucas espalhou
no caminho
Quando não as construímos
certamente alimentamos
Alimentam-me a fome
ampliando-me a penúria
Cúmplice do engano e
parceira do meu erro
Concedem-me os motivos
sem jamais a razão
Negam-me o mínimo
do que é próprio
e por direito
Sem direito e por paixão
Por impulso e emoção
se conquista a derrota
em aparente vitória
Temporário mel
de eterno e amargo fel
Conseguir o pretendido
nunca foi tão deprimente
Aceitar a doação
de presumida devoção
ainda que de graça
jamais foi tão sem graça
Deu-se a desgraça
Mas é por graça e só por ela
que dói menos olhar
no espelho
É pela graça e só por ela
que me entendo
e me perdoo
Se me julgo e me condeno
me absolve
e se me livra de meu jugo
me refaço
Confiando não em mim
nem mesmo em meu juízo
meu delito esquecido
meu pecado perdoado
minha mente renovada
meu contexto transformado
Junho 2017
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