sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

A quatro mãos


Por Jânsen Leiros Jr.
Bastou um olhar
um cumprimento
um sorriso e o
som da voz

Bastou a ideia declarada
bastaram frases camufladas
Bastou o tempo vivido
para revelar a surpresa

Não que hajam inocentes
nem que o sejam de tudo
mas a verdade embutida no abraço
legitima o encanto e o encontro

A noite seria um fiapo
e décadas seriam pó
Toda vivência ganha sentido
no inédito sentido aplicado

Sonhos sonhados em dupla
semelhantes afetos abertos
novidades cantadas em versos
poesia composta a quatro mãos

O que jamais existiu
o que se quer se pensou
o que nem fazia sentido
Emoção que se havia perdido

Janeiro 2018

Sofrida cisão


Por Jânsen Leiros Jr.
De que serve a atenção empenhada
e a alma polida
se desaforos xingados
retratam verdade escondida?

De que vale utilidade doada
se oportunidade encontrada
morre em amizade fingida
velado em socorro atrasado?

Um desgosto a mais na conta
um sorriso a menos no rosto
ojeriza declarada na cama
um adeus diário sofrido

Não há nada que se queira recuperar
nada mais a se buscar restaurar
Já não há quem me queira bem
apenas quem procura por bens

Criticar é sempre mais fácil
que entender
como mandar é bem melhor
do que fazer

Se de tudo sobrarem versos
das moedas atiradas ao chão
de que valerão suas caras
por mais cara e sofrida cisão

Janeiro 2018