terça-feira, 25 de junho de 2019

Só por amor


Por Jânsen Leiros Jr.

Tem casal que se casa
antes mesmo do casamento
acontecer
e tem casal que se casa
tempos depois da festa
Há casais que vão se casando
ao passar dos anos
até que um dia casados estão
Mas há casal que jamais se casa
passe o tempo que passar
faça a festa que fizer

Há casal que decide se casar
por aventura e distração
Se permanecem casados
é por teimosia
ou por pura combinação
Há casais que vivem
de fachada
de aparências
e solidão

Há casais cujo tempo consome
aos quais o instinto corrompe
e o querer se abstém
Mas há outros que com o tempo
se sedimentam em prazer
na pura arte de bem se querer

Há casais para os quais
o caminho deserto
é a senha para se tornarem oásis
Desafios são comuns a dois
mas há os que as superam bem antes
e que jamais desanimam durante
Sempre podem e celebram depois

A vida a dois não é caminho
só de flores
e nem tampouco o é
só de espinhos
Entre tarde e amanhecer
há sempre muito perfume
E se por amor de suporta o todo
com suor se conquistam os dias
Com graça se contornam problemas
e compaixão atenua a visão
Ninguém é cego a nada
mas sempre se pode enxergar
o que bem se pretende entender
Há casais que adormecem juntos
como há os que jamais se
separam ao dormir

Há casais meramente parceiros
como há os parceiros totais
Os primeiros são perenes
Os seguintes são eternos
O que ameniza o tempo
e melhora o olhar
o que atenua desgastes
e sustenta a emoção
vem do peito quase sempre
e não se nega à razão
É o amor
Aliás é simplesmente
só por amor
Junho 2019

domingo, 9 de junho de 2019

Sai da minha frente


Por Jânsen Leiros Jr.

Indução
Por covardia ou
complacência
Compaixão?
Faço fazer por
coragem não haver
que me faça assumir
decisões
falências
fracassos
Me incomodam comentários
apontamentos
discussões
Fujo do que há de vir
provocando no
outro o que quero agir
Escapo da crítica
imagino
Meu maior pavor

Só não consigo
fugir da dor
da sensação absurda
de ter enterrado o tempo
e me enterrado há tempos
Foi-se o sentimento
trocado por migalhas
que agora entendo
se irão ao vento
- Azar!

Mas como enganar
o peito indeciso
e como driblar
a pergunta gritante
- Por que não antes?
Mas pensando bem
- Por que agora?
Mas agora já era

A verdade é que
a vida indigna e sem prazer
não serve a mim
e nem a ninguém
Contrariedade constante
de realidade flagrante
impede sorriso espontâneo
impondo humor opressor
Faz de qualquer céu inferno
de qualquer gesto ataque
de todo riso um grito
Como seguir vivendo
quando o maior desejo
é se assistir morrendo?

Induzo mesmo
Dizendo sem falar
indicando sem apontar
provocando sem sofrer
as reações que gostaria
em você
- Mas nem para isso servia!
Seu amor grudento
presente sempre
repugnante
O odiava convicta
o desprezava com nojo
o rejeitava cansada
- E você insistente

De tanto feito
perfeito
Enfim entendida
por fim percebida
pelos céus atendida
Pois não quero e nunca quis
e tudo sempre incomodou
Seu cheiro
seus meios
sua voz
- Que bom que enfim se mancou!

Estou livre para viver
meu bem querer
tardio sonho de princesa
Partir dessa masmorra
sair do calabouço
fugir dessa prisão
E a culpa é sua
e será sempre toda sua
Se não insistisse sempre
se não me amasse tanto
talvez agora sofresse menos
talvez sentisse pouco
adoecesse lento
Talvez morresse logo

Mas como amou
até o fim
agora é
- Vem aqui me buscar
e vê se sai da minha frente!
Junho 2019

sábado, 8 de junho de 2019

Jamais foi amor


Por Jânsen Leiros Jr.

Quando se descobre
que não se é
há quanto tempo
já deixou de ser?

Quando se reconhece
que passou o tempo
quanto dele
já desperdiçou?

As pegadas são muitas
e as viagens infinitas
Tentativas infantis
que produzem solidão

No caminho fui ficando
sem vigor ou disposição
De lutar pelo que queria
e que talvez só eu quisesse

Um amor só se ama a dois
mesmo quando o amor é mais
Ninguém pode amar por outro
se o outro não quiser amar

Se o dia a dia foi incapaz
e nem a vida o fez brotar
não é na dor que surgirá
O desamor não passará

Antes fosse curto
ou mesmo quase nada
o tempo dedicado
e meu empenho devotado

Arrependido sim
mentiroso não
De que adianta
a tristeza esconder
se o vazio revela
verdades

Nada mais de nós sobrou
daquilo que nunca fomos
Nem um grau de calor ficou
do que nunca
jamais foi amor
Junho 2019

segunda-feira, 3 de junho de 2019

Leveza


Por Jânsen Leiros Jr.

A leveza é mais que
uma medida de
peso a menos
Mais que uma meta
na balança
Muito mais que a
surpresa com o ponteiro

Leveza tem a ver com
bom humor e temperança
com boa vontade
e bom ouvido
Leveza tem a ver com
sorriso
Com bom dia e alegria

Porque há pesos sem massa
fardos sem feixes
e prantos sem lágrimas
E como pesam!
Seguem os humores
de quem os impõe
Crueldade de quem não
suporta a leveza estampada
no olhar de ninguém

A leveza flui
Há quem com ela contagie
e promova o bem
O peso sucumbe
Há quem com ele contamine
e distribua o mal

Por isso o encanto
por isso o espanto
Que não obstante
a distância
o peso supera
e o mal dissipa
Ah! Leveza!
Que invade
ao sorriso presente
que se amplia
carinho constante
e se eterniza
em olhares brilhantes

A leveza a própria
de quem não
vive nas nuvens
mas tem o peito
ancorado no céu
Junho 2019

domingo, 2 de junho de 2019

Amor desistido


Por Jânsen Leiros Jr.

E o que foi meu presente
                         ausente
será só recordação
Somente lembranças
restarão
E o que existiu
            desistido
            guardado
            e escondido
será só saudade
Maio 1994