Por Jânsen Leiros Jr.
Indução
Por covardia ou
complacência
Compaixão?
Faço fazer por
coragem não haver
que me faça assumir
decisões
falências
fracassos
Me incomodam comentários
apontamentos
discussões
Fujo do que há de vir
provocando no
outro o que quero agir
Escapo da crítica
imagino
Meu maior pavor
Só não consigo
fugir da dor
da sensação absurda
de ter enterrado o tempo
e me enterrado há tempos
Foi-se o sentimento
trocado por migalhas
que agora entendo
se irão ao vento
- Azar!
Mas como enganar
o peito indeciso
e como driblar
a pergunta gritante
- Por que não antes?
Mas pensando bem
- Por que agora?
Mas agora já era
A verdade é que
a vida indigna e sem prazer
não serve a mim
e nem a ninguém
Contrariedade constante
de realidade flagrante
impede sorriso espontâneo
impondo humor opressor
Faz de qualquer céu inferno
de qualquer gesto ataque
de todo riso um grito
Como seguir vivendo
quando o maior desejo
é se assistir morrendo?
Induzo mesmo
Dizendo sem falar
indicando sem apontar
provocando sem sofrer
as reações que gostaria
em você
- Mas nem para isso servia!
Seu amor grudento
presente sempre
repugnante
O odiava convicta
o desprezava com nojo
o rejeitava cansada
- E você insistente
De tanto feito
perfeito
Enfim entendida
por fim percebida
pelos céus atendida
Pois não quero e nunca quis
e tudo sempre incomodou
Seu cheiro
seus meios
sua voz
- Que bom que enfim se mancou!
Estou livre para viver
meu bem querer
tardio sonho de princesa
Partir dessa masmorra
sair do calabouço
fugir dessa prisão
E a culpa é sua
e será sempre toda sua
Se não insistisse sempre
se não me amasse tanto
talvez agora sofresse menos
talvez sentisse pouco
adoecesse lento
Talvez morresse logo
Mas como amou
até o fim
agora é
- Vem aqui me buscar
e vê se sai da minha frente!
Junho
2019
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