Solidão no limite
Sonhei com congestionamento
comercio de Madureira
caminhada no Saara
ônibus cheio em fim de tarde
Tudo sempre detestável
já provocando saudades
Emoções à mingua
Sai pelas ruas querendo briga
gritando insultos
esperando o troco
mas de retorno o eco
Dia seguinte
peito aberto
bíceps à mostra
torcia por trocar sopapos
Tentativa insana
por mísero contato
Penso que me tomam por senil
e se poupam da gaguice
Transposto o limite
nomeio estranhos que passam
adivinho pensamentos
suponho projetos
e lhes conto os passos
Alerta piscando
me aborreço com o rádio
discuto com o noticiário
e grito ameaças
aos vizinhos da frente
Ninguém dá confiança
sequer se assustam
Não há que me acredite
ninguém a me ouvir
Setembro
2020