quinta-feira, 10 de setembro de 2020

Me enterro amanhã

Por Jânsen Leiros Jr.

É zero absoluto

Sem positivo

ou negativo

Sem variação

Fim das possibilidades

Daqui em diante

nada

Fim de “talvez”

de “quem sabe”

e “algum dia”

Nada mais se verá

Ninguém jamais saberá

Só perguntas

sem respostas

A voz não mais se ouvirá

Não há ninguém

mais à porta

Enquanto há vida

parece que ela mesma

poder esperar

e então o desperdício

Mas quando olhos

se fecham de vez

a poesia se apaga

o canto se cala

o espírito se vai

e a alma adormece

Realidade que subverte

verdade

Nem é preciso morrer

para se estar morto

Pois eu morro hoje

comecei ontem

Me enterro amanhã

semana que vem

ou daqui a décadas

Nada importa

é só um corpo que fica

Setembro 2020


Nenhum comentário:

Postar um comentário