Por Jânsen Leiros Jr.
É zero absoluto
Sem positivo
ou negativo
Sem variação
Fim das possibilidades
Daqui em diante
nada
Fim de “talvez”
de “quem sabe”
e “algum dia”
Nada mais se verá
Ninguém jamais saberá
Só perguntas
sem respostas
A voz não mais se ouvirá
Não há ninguém
mais à porta
Enquanto há vida
parece que ela mesma
poder esperar
e então o desperdício
Mas quando olhos
se fecham de vez
a poesia se apaga
o canto se cala
o espírito se vai
e a alma adormece
Realidade que subverte
verdade
Nem é preciso morrer
para se estar morto
Pois eu morro hoje
comecei ontem
Me enterro amanhã
semana que vem
ou daqui a décadas
Nada importa
é só um corpo que fica
Setembro
2020
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