quarta-feira, 5 de maio de 2021

Malas prontas

 

Por Jânsen Leiros Jr.

É o final de tudo

O fim das coisas comuns

         normais

      e naturais

Do olhar e

do sonhar

do buscar e

do esperar

Não haverá mais

vontade

Sequer a de ser

ou muito menos

a de ter

O melhor mesmo

é esquecer

na força e no tempo

deixar apodrecer

Pensamentos confusos

intenções às claras

É flagrante o cheiro

da conspiração

 

Ou quem sabe

apenas o fim

da inspiração

Saída desonrosa

amargura à porta

tudo o que se quer

é partir

Daí, daqui ou de

qualquer lugar

Certezas ao chão

suspeitas ao vento

e o nome na lama

Folhas em branco

Canetas quebradas

e luzes no escuro

Encerrada alegria e

sucumbido prazer

Cessadas as rimas

em velhos sabores

relva pesada

ao passar dos tratores

Não há mais sorrisos

nada mais é engraçado

Entrego meus pontos

e deponho minhas vírgulas

Malas prontas sem

qualquer poesia

Fim da lida

E deixarei para morrer

ao voltar pra casa

Maio 2021

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