sexta-feira, 11 de março de 2022

Marcas gritam

Por Jânsen Leiros Jr.

O tempo caminha

no espelho à minha frente

Minhas marcas gritam

o tanto

e seus sulcos revelam

o quanto

Desconheço quem não

carregue as suas

Há marcas na pele

por pequenos arranhões

e há cicatrizes na alma

por teimosas insistências

Só eu acreditei no

Impossível

 

Há marcas de feridas

que ainda sangram

e sangue que se acumula

por descaso

São mais idas que vindas

muito mais “vai” que “vem”

mais lágrimas que sorrisos

mais partidas e “adeus”

O vazio que sobra

não é menos que mais

uma marca

Um eco no peito

que se diverte com a dor

É que as marcas do tempo

ensinam a rir

até mesmo do horror

 

Aprendi a conviver

com as marcas

e talvez nem vivas sem elas

Quem sou?

Pergunte às marcas

elas me entalham

e me forjam

golpe a golpe

mas depois de moído

me devolvem ao espelho

Março 2022

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