terça-feira, 29 de dezembro de 2020

Ainda há vida

 

Por Jânsen Leiros Jr.

Pensei que vislumbraria

a cena

torci para que me tirasse

o fôlego

Acreditei que me saltariam

os olhos

e que dispararia

o peito

Imaginei as curvas

ousei prever as retas

e acelerei as intenções

perdendo o controle

nos contornos

Toda fantasia tem

seu preço

como todo sonho tem

seu tempo

Todo e qualquer

tempo se esvai

 

Não é sempre que se

ganha um presente

embora eu creia que

tudo me sejam dádivas

Olhos de mangá

jeito de porpeta

divina deusa maia

em teofanias de deserto

Uma brisa sibilante

com modos de furacão

que nada destrói

embora assuste

Ao menos traz um refresco

nas asas de ventos benditos

que renovam a alma

e o encanto

Um horizonte incógnito

uma incerteza total

um desafio a mais

Ainda há vida!

Dezembro 2020

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