segunda-feira, 4 de março de 2019

Amor de consolo


Por Jânsen Leiros Jr.

É só mais uma perda
em meio a tantas outras
é só mais uma dor
fazendo doer um pouco mais
Essa doeu
na verdade
o tempo todo
Doía sem barulho
e eu a sofria sem terror
Sempre presente
dor latente e ansiosa
Doida pra doer em público
mas eu a mantinha
em segredo protetor
Quem sabe deixasse de doer
sem chegar a se tornar ferida
Não deixou
Chegou
E com o requinte dos algozes
golpeou
devastando sonhos
sucumbindo esperanças
acabando de vez com
a frágil confiança
Destruiu-se enfim
o que jamais existiu
Bodas de vento
amor de consolo
paixão de fumaça
Verdade flagrada dia a dia
escondida nas madrugadas
apagadas após reveladas
Cegueira desejada
fantasiada
inexistente
Sempre esteve tudo ali
Mas aqui o que é que havia?
Uma mentira ornamentada
um masoquismo disfarçado
uma dor sublimada
pelo riso na fachada
Agora o castelo ruiu
a dor de vez explodiu
O consentimento diluiu-se
indignado
e o fingimento acabou
de súbito
Minha dor já pode doer em paz
sem precisar fingir não ser

Março 2019

Nenhum comentário:

Postar um comentário