sexta-feira, 29 de novembro de 2019

Por conta do fim


Por Jânsen Leiros Jr.
Não é nova
a ideia
Já tem tempo
e muito
De que tudo
em todo
e para tudo
há um tempo
E se para tudo
há tempo
todo tempo tem
começo
meio
fim
Para tudo
há um fim
Custe o tanto
que custar
ou mesmo
o custo que doer
ou toda
a dor que se
sofrer
Todo custo
toda dor
e sofrimento
tem seu fim
E acaba
e acabou
Fim da linha
do caminho e
do descaminho
Somente o amor
jamais tem fim
Vou embora amando
embora o amor
por conta do fim
por causa da dor 
Novembro 2019

quarta-feira, 13 de novembro de 2019

Jamais relevante


Por Jânsen Leiros Jr.
Toda relevância
tem seu preço
e toda evidência
seu fim
As ideias diluídas
por anos
aos poucos
desfazem
ao vento
Não fica
uma pedra sobre outra
nem um ponto
sobre vírgula qualquer
Por pouco
persistem as rimas
mas logo igualmente
se vão
A vida é fumaça
perdida
sua estrada
uma trilha
esquecida
Mais um pouco
e a memória se vai
outro tanto
e lembranças também

Quem pensa ter tido
uma coisa
quem acredita
ter sido alguém
delira de ilusão
esquisita
se sustenta
quem sabe
em quê
Insignificância
na vida é de graça
e inconveniência
existente desgraça
Confrontante
realidade imposta
de delirante verdade
insolente
Em nada jamais
relevante
Novembro 2019

Quem desamou


Por Jânsen Leiros Jr.
O que não quero
é o que mais tenho
e o que não busco
é só o que encontro
Fico apenas com as sobras
e o que sobra é estar só
tudo é fato para todos
mas para mim se faz pior
Realidades difusas
verdades mentidas
Ilusões palpáveis
Um jeito obscuro de tentar
ser mais claro
O tempo se acaba
e me acabo esticando
Se nunca é tarde para
tentar recomeços
por tropeços da vida
já é tarde demais
Tudo feito é sempre nada
e nada há que satisfaça
Gratidão não sei por que
e por consolo tenho você
Meu estorvo exclusivo
meu atraso de vida
meu engodo letal
meu hein
e meu mal

Como eu queria sumir
já que não posso assumir
talvez tentasse fugir
quem sabe ao menos fingir
Pode ser que partindo
de mim
eu consiga partir
de você
Pois se tanto custou
para entrar
por que nem de graça
consegue sair?
É preciso aceitar
que acabou
cobertor curto
que o tempo encolheu
Não soubemos andar
lado a lado
persistente
vivência acabada
Sufocante para
quem desamou
torturante para
quem desamado
Novembro 2019

A chama final


Por Jânsen Leiros Jr.
Um canto a ser esquecido
abandonado num canto
qualquer
Um canto calado na alma
silenciado no medo da vida
O ser assustado e sem graça
sem saber qual será a desgraça
A cada passo do sol
a cada respiro do vento
avança a ameaça do tempo
que passeia indiferente a mim
Ele segue impassível e atroz
aproximando meu grito e meu fim
Querido ou repelido
incerto e absoluto
papeis definidos
no meu absurdo

Quem deixou-me a boca silente
e quem proibiu-me dizer o que sou
Impeliu-me às sombras
a viver de
murmúrios
lamento e
fadiga
E quando a ilusão reaparece
e uns poucos desejos renascem
logo me são arrancados
todos me são proibidos
A verdade é sempre mais dura
e a realidade às vezes cruel

Se há esperança
não se manifesta
Se ainda espera
não se faz presente
Sem um canto e
em total desencanto
se apaga a chama final
Asfixiada e largada
jogada
Abandonada 
à própria extinção
Novembro 2019

quarta-feira, 6 de novembro de 2019

Abraço final


Por Jânsen Leiros Jr.
Perdi o vício de você
que jamais o teve de mim
Isolado
Solitário
Preterido
Desobrigado
Desejoso
Liberado?
Se não sirvo ao abraço
se seus braços não acesso
acesa fica a chama
que preciso extinguir
Mesma brasa
outras lenhas
uma fogueira que
preferia não queimar
Como num banquete
sem comida e
celebração sem champanhe
dormimos lado a lado
por milhas afastados
Sem beijos de despedidas
sem bom dia pela manhã
O peso do convívio estampado na cara
como estampido de tiro
certeiro no peito
Um bom ouvinte
o outro impaciente
pelo primeiro um anseio
pelos demais sofrimentos
Para aquele
promessa
mas para este
tormento
Se descola
se afasta
desencanto a cada noite
Só não vê o sonhador
que prorroga sua dor
que nem sabe doerá
tanto quanto já doeu
Restos da dor
que doída se acabou
Uma cama vazia
um só lado ocupado
Nada novo na verdade
do passado revelado
que amante nunca houve
presente do outro lado
Abraços forçados
sorrisos forjados
carinhos suplicados
quase sempre negados
Chegou a hora de sorrir
um sorriso exasperado
De dar o braço a torcer
de dar o abraço final
Novembro 2019