quarta-feira, 13 de novembro de 2019

A chama final


Por Jânsen Leiros Jr.
Um canto a ser esquecido
abandonado num canto
qualquer
Um canto calado na alma
silenciado no medo da vida
O ser assustado e sem graça
sem saber qual será a desgraça
A cada passo do sol
a cada respiro do vento
avança a ameaça do tempo
que passeia indiferente a mim
Ele segue impassível e atroz
aproximando meu grito e meu fim
Querido ou repelido
incerto e absoluto
papeis definidos
no meu absurdo

Quem deixou-me a boca silente
e quem proibiu-me dizer o que sou
Impeliu-me às sombras
a viver de
murmúrios
lamento e
fadiga
E quando a ilusão reaparece
e uns poucos desejos renascem
logo me são arrancados
todos me são proibidos
A verdade é sempre mais dura
e a realidade às vezes cruel

Se há esperança
não se manifesta
Se ainda espera
não se faz presente
Sem um canto e
em total desencanto
se apaga a chama final
Asfixiada e largada
jogada
Abandonada 
à própria extinção
Novembro 2019

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