quarta-feira, 6 de novembro de 2019

Abraço final


Por Jânsen Leiros Jr.
Perdi o vício de você
que jamais o teve de mim
Isolado
Solitário
Preterido
Desobrigado
Desejoso
Liberado?
Se não sirvo ao abraço
se seus braços não acesso
acesa fica a chama
que preciso extinguir
Mesma brasa
outras lenhas
uma fogueira que
preferia não queimar
Como num banquete
sem comida e
celebração sem champanhe
dormimos lado a lado
por milhas afastados
Sem beijos de despedidas
sem bom dia pela manhã
O peso do convívio estampado na cara
como estampido de tiro
certeiro no peito
Um bom ouvinte
o outro impaciente
pelo primeiro um anseio
pelos demais sofrimentos
Para aquele
promessa
mas para este
tormento
Se descola
se afasta
desencanto a cada noite
Só não vê o sonhador
que prorroga sua dor
que nem sabe doerá
tanto quanto já doeu
Restos da dor
que doída se acabou
Uma cama vazia
um só lado ocupado
Nada novo na verdade
do passado revelado
que amante nunca houve
presente do outro lado
Abraços forçados
sorrisos forjados
carinhos suplicados
quase sempre negados
Chegou a hora de sorrir
um sorriso exasperado
De dar o braço a torcer
de dar o abraço final
Novembro 2019

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