sábado, 10 de junho de 2017

Olhar no espelho


Por Jânsen Leiros Jr.
Quem pode
confiar em si mesmo
prever atitudes
antever reações
Quem pode
planejar o escape
calcular os estragos
ponderar consequências
Onde há risco
não se arrisca

Quem armou contra si
armadilhas
arapucas espalhou
no caminho
Quando não as construímos
certamente alimentamos
Alimentam-me a fome
ampliando-me a penúria
Cúmplice do engano e
parceira do meu erro
Concedem-me os motivos
sem jamais a razão
Negam-me o mínimo
do que é próprio
e por direito

Sem direito e por paixão
Por impulso e emoção
se conquista a derrota
em aparente vitória
Temporário mel
de eterno e amargo fel
Conseguir o pretendido
nunca foi tão deprimente
Aceitar a doação
de presumida devoção
ainda que de graça
jamais foi tão sem graça

Deu-se a desgraça

Mas é por graça e só por ela
que dói menos olhar
no espelho
É pela graça e só por ela
que me entendo
e me perdoo
Se me julgo e me condeno
me absolve
e se me livra de meu jugo
me refaço
Confiando não em mim
nem mesmo em meu juízo
meu delito esquecido
meu pecado perdoado
minha mente renovada
meu contexto transformado

Junho 2017

terça-feira, 6 de junho de 2017

Menos Jamais


Por Jânsen Leiros Jr.
Por que menos?
Não há como dessentir
o que já foi sentido
Revelado
O que se experimenta
reações provoca
Não se reduz
o que já foi
a um pode ser

Pra frente talvez
reencontros se neguem
Se evitados
talvez
Então quem sabe
distante dos olhos
bem longe de tudo
mesmo por perto
inevitáveis afins
se apaguem
sensações gravadas
Reduzidas memórias?

O que eu sei
do pouco que descobri
é que chamado pelos olhos
e requerido pelos gestos
fiz-me presente
ao meu presente
Minhas razões irracionais

Menos nem sei ser
Todo o ser
é tudo o que sei dar
Dar-me todo
é tudo que sei fazer
Não faço por imposto
nem ao mesmo por desconto
Nada supera o prazer de
por querer fazer
Jamais por menos
ainda que jamais ao menos
se reviva o vivido e
vívido prazer de ser

Dezembro 2016