quarta-feira, 24 de julho de 2019

Minha morte lhe cai bem


Por Jânsen Leiros Jr.

Eram recomendações
imprecisas
de um cuidado solidário
e fingido
Cenas de um filme ruim
- O que teme?
Perguntava
Se perguntava
- Que se vá
- Minha morte lhe cai bem

Não se farão presentes
cheiros
odores
Ninguém precisará
se esconder do outro
Fim das filmagens
Já não ouvirá minha voz
ou terá de suportar
minha presença
- Querendo distância

Apagar mensagens jamais
esconder fotos
nem pensar
Nem mesmo áudios
precisará destruir
Tudo será mais fácil
E bastará comprar pipoca

O melhor de tudo
sem passos
atitudes
ou mesmo explicações
- Morreu!
Som de suspense final
Pode haver melhor
solução?

De lamentável mesmo
nada
Um ídolo não é nada
Para quem o estorvo
dormia ao lado
e a vontade querendo
outros lados
Mas o fim renova raízes
e tudo se reabilita
ao acenderem as luzes

Ainda há tempo de
viver um sonho
a história com o mocinho
Em vez de cenas
Amarrada ao poste
ao lado de um figurante
É chegado o fim
e sem créditos finais
Julho 2019

sábado, 20 de julho de 2019

Contato evitado


Por Jânsen Leiros Jr.
Até quando serei só amigo
e quando foi que de fato não fui?
Se me vale fazer escalada
quando é que serei um amor?

Até quando estarei
ao alcance
por ser útil ou por ser
persistente?
Por conveniência
é que fico por perto
Interessante a você
e a mim

Por que todo aceno
de afeto
como todo calor da paixão
jamais despertou seu amor
quiçá provocou seu tesão?
Quem sabe o
Desejo largado
aguarde um sonho
congelado e distante

Devaneio de amores
em tela escondida
orgasmo trocado
em frases corridas
fotos revelam a
vida querida
fatos reforçam
a escolha iminente

Delírio e libido
confessados às pressas
confrontam a falseta
de um querer aparente
O ataque cruel
em desprezo evidente
se explica no choque
do flagrante apagado

O que sobra é um
contato evitado
corpo emprestado
um toque forçado
Um prazer encenado
por pura bondade
Poucas seções
por semana
muitas lições
aprendidas
Verdadeiro fracasso
no palco
por anos de mitos
na cama

O que se vive
ou se morre
é o abandono abusivo
de um desleixo agressivo
A realidade doída
de vidas perdidas
Até quando me
farei de enganado
ou até onde me farão
de palhaço?

Por inquietante questão
ou pesarosa visão
uma pergunta insiste em
buscar conclusão
Para que serviu tudo isso
ou que valeram esses anos?
Um tempo de bodas
em aros de prata
adornaram mentiras em
dias de bosta
Julho 2019

quinta-feira, 4 de julho de 2019

Cantos de barro


Por Jânsen Leiros Jr.
Eu não quero e
não saberia
a crítica perfeita
Eu não quero
ainda que pudesse
o comentário preciso
Prefiro a resposta da alma
o sibilar do encanto
e a reação do espanto
Uma poesia em prosa
numa peça em pedaços
de um viver revelado
Conteúdo escovado
numa história contada
em ambiente encantado
Simples e elegante
fácil e mágico
e de sonoridade
impregnante
Indissociável!
Então deixo a dica
assistir Manuel
em seus cantos
de barro
que surpreende incautos
e até estudados
O prazer do inédito
sobre o cansaço
do mesmo
Viva a ousadia
E que venham
mais quintais
tão grandes e maiores
que seu mundo
interior
Maio 2019

segunda-feira, 1 de julho de 2019

Covardia


Por Jânsen Leiros Jr.
Covardia
Esperar que por acaso
não tome partido
nesse caso

Covardia
Aguardar que por ironia
tudo se resolva a tempo
e por milagre

Covardia
Fantasiar não ser condenado
pelo medo 
nem pela timidez

Fantasia
Desejar que a história
seja em verso seja em prosa
disfarce minha covardia
Maio 1992