quinta-feira, 6 de março de 2025

Corrosão

 

Por Jânsen Leiros Jr.

Seca

a voz que um dia chamou

agora murmura

sem nome sem tom

 

Os olhos passam

não veem não ficam

o toque pesa

            desliza

            escapa

 

O tempo arrasta

corrói

até que o que era

já não seja

e o que ficou

não importe

 

As palavras descascam

finas frágeis

desbotam no ar

e nem ecoam

 

O corpo perto

distante demais

presente ausente

nada em tudo

 

O dia repete

a noite insiste

mas nada aquece

tudo partiu

 

O não dito

preenche o espaço

mais que o dito

mais que o grito

 

E no fim

nem ele há

apenas sobras

do que já se foi

Março 2025

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